Passos de Almeida

Amor e a Eternidade (Eros e Religião)

O amor genuíno devia

Conduzir à eternidade,

Mas, até hoje, só conduziu

À morte das civilizações.

Das mais diversas literaturas

E mitologias, ou se é eterno

E não se ama fisicamente,

Ou se ama fisicamente e se morre.

Como sair deste dilema,

Deveras cruel e mórbido?

Já Fernando Pessoa abordou este tema

E não consumou o seu amor por Ofélia Queirós.

Será que a Natureza só permite o erotismo,

Isto é, relacionamentos amorosos,

Contactos epidérmicos excitantes,

Mas que não sejam consumados?

Será este o “religar” da Religião,

A sua forma de amarE só assim atingir a eternidade,

Isto é, a não consumação do Eros.

Até hoje só se verificou a sua incompatibilidade.

A Eternidade, o objetivo da Religião,

É avesso a Eros e à sua consumação, o Amor

A Eternidade é algo que, até hoje, ninguém conseguiu.

Ser eterno é o sonho de todos,

Pois, só assim, se poderia alcançar maior perfeição

Em todos os domínios, das Ciências às Artes, das Literaturas às Culturas;

E, assim, fazer evoluir o Universo para maior perfeição.

A Eternidade obtém-se através

Do eterno-rejuvenescimento, cujo segredo está

Na Sabedoria aplicada à Prática

Isto é, a junção do espírito à matéria.

Assim, acabava-se o dualismo existente

E realizava-se a desejada Vida Eterna,

Prometida pela Religião, de cuja consecução

Seria penhor o Salvador, isto é, o Cristo.

O próprio Universo tem de ser salvo,

Pois, caso contrário, sofre uma implosão

E ficamos sujeitos ao chamado Eterno Retorno,

Surgindo uma expansão mais perfeita do Universo

Parece, pois, que Deus quer que o Homem

Participe na Salvação do Universo,

Através das virtudes da Prudência, da Justiça,

Da Fortaleza e da Temperança.

x

O Materialismo Dialético explica a tumultuosa geração de mutações genéticas.

Estas devem ser avaliadas, através dum sistema de comparação de valores,

Para serem classificadas e, depois, conservadas para futuras computações.

Este segundo sistema é explicado pelo Espiritualismo Dialético.

Assim, cada escola filosófica tem a sua razão,

Todos focaram um aspeto da realidade;

A melhor formulação a que tive acesso foi:

“Tudo muda, menos a lei da mudança”.

Voltando à questão do Eros e Religião;

Nós, humanos, devemos conservar

A nossa religião de criança e sentirmos

Com o nosso coração de criança, como disse Cristo.

As crianças sabem tudo, não sabem é exprimir-se.

Os adultos sabem exprimir-se, mas não sabem nada.

Sabem, por exemplo, dizer “As coisas são o que são”

Ou “O que tem de ser, tem muita força”, tudo tautologias.

Portanto, falta ao Homem descobrir

Uma melhor forma de Amar,

Mas tem de ser cada um a descobri-la,

Sendo esta o seu penhor de Vida Eterna

A minha sensibilidade indica que não há idade para amar espiritualmente;

O Amor físico deve ser muito posterior ao Amor espiritual;

O ideal é ficar ligado a um dos primeiros amores,

Desde que haja já Amor Espiritual

Penso que o Eros é compatível com a Vida Eterna.

Diria, até, que é condição de vida EternaO Amor, se for genuíno, singelo e lídimo,

Vai reforçar a qualidade do Amor.

Portanto, o eterno-rejuvenescimento

Pode ser conseguido com a prática do Amor Físico

Em casais que se amem verdadeiramente,

Nos quais já haja Amor Espiritual.

O Erotismo Verdadeiro é aquele

Que só se revela fisicamente

Depois de um sério Amor Espiritual

De que surgirão filhos sublimes.